quarta-feira, 25 de abril de 2007

ABRIL 2007: A festa já não entope as ruas. Quem matou a festa?




Lisboa, 25 de Abril de 1974
(fotos da antiga Fototeca do Palácio Foz)

terça-feira, 24 de abril de 2007

A minha homenagem a João Sarabando

João Sarabando (1909-1996)
(foto de Manuel Rodrigues)

Lembrando, com saudade, um ilustre aveirense, militante da Liberdade e cidadão de corpo inteiro, demasiado impoluto, desprendido e honesto, para que pudesse agradar aos políticos que têm dirigido o município de Aveiro. A farpa também se aninha com primor nos costados da digníssima comissão de toponímia, que ainda não lhe reconheceu valia para ilustrar um dos arruamentos da sua terra...

Na véspera do 25 de Abril, um documento a lembrar a pequenez de quem nos governou e apoucou durante quase meio século. A Censura podia limitar-se ao corte da última frase, a que atingia mais directamente a ditadura de Salazar, mas não, foi o apontamento completo, pois era preciso incluir todas as entrelinhas. Não era apenas o conteúdo que contava, mas também quem escrevia e onde se publicava...

Apontamento de João Sarabando para o jornal "República",
cortado pela comissão de censura salazarista

(para ampliar, clique na imagem)

AVEIRO: Reportório toponímico das marinhas de fazer sal (10)

Letras T-V (Ver legenda aqui)

Marinha … … … (na ordenação alfabética não se consideraram as preposições e artigos de ligação)

Taipinha, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Tanoeira, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Tanoeira do Mar, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/(ou "…do Sudoeste")/
Tanoeira do Nordeste, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Tanoeira do Sudoeste, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/(ou "…do Mar")/
Tão Linda Grande e Pequena, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Tinhosa, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/ (ou "Pinhosa")/
Tora, concelho de Ílhavo /X/Gs/
Torta, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1412/X/Gr/
Trampalhona do Mar, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/(ou "…do Sudoeste")/
Trampalhona do Nordeste, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Trampalhona do Sudoeste, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/ (ou "…do Mar")/
Três Andainas, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Três Andainas (de Sama), freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Trinta da Carangueja, Os, concelho de Ílhavo /X/Gs/(ver "Carangueja dos 30")/
Trinta e Quatro da Carangueja, Os, concelho de Ílhavo /X/Gs/(ou "Singela")/(ver "Carangueja dos 34")/
Trinta e Seis da Carangueja, Os, concelho de Ílhavo /X/Gs/(ver "Carangueja dos 36")/
Trinta e Sete das Seibeiras, Os, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Misericórdia")/
Troncalhada, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/

Valente, /G, 1461/S, séc. XVII/
Valéria, freguesia da Glória (Aveiro) /S, 1749: "Marjnha da Valleria"/X/Gm/ (ou "Balera")
Vazinho, do, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1412, 1423/"do uassjnho", "do uasjnho"/
Vassalas, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gn/
Veio de Fundo e de Cima, do, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1412: "do veeo de ffundo E de çijma"/
Velha, /G, 1431/
Velho, do, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1412/ "do uelho"; "do belyo"/
Vigairinha, Cale da Vila, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/ (ou "Vigária")
Vigária (da Cale da Vila), freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/ (ou "Vigairinha")
Vigária (de Esgueira), freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/
Vilarinho, de, freguesia de Cacia (Aveiro) /A/
Viloa, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Vinte e Quatro e Os Trinta da Cale da Vila, Os, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Vinte e Um, Os, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Vitela Grande, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/ (ou "…do Mar"; ou "… do Norte")
Vitela do Mar, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/ (ou "…Grande"; ou "…do Norte")
Vitela do Norte, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/ (ou "…Grande"; ou "…do Mar")
Vitela Pequena, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/ (ou "…do Sul"; ou "…da Terra")
Vitela do Sul, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/ (ou "…Pequena"; ou "…da Terra")
Vitela da Terra, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/ (ou "…do Sul"; ou "…Pequena")
Vitória, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/

domingo, 22 de abril de 2007

AVEIRO: Reportório toponímico das marinhas de fazer sal (9)

Marinha de sal de Aveiro: moço com canastra, a caminho da eira (Rota da Luz)
PARA AMPLIAR, CLIQUE NA IMAGEM

Letras R-S (Ver legenda aqui)

Marinha … … … (na ordenação alfabética não se consideraram as preposições e artigos de ligação)

Rabequinha, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Raivosa, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Ramalha, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Ramos, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1412: "de Ramos"/
Raposa, /G, 1431: "da Rapossa"/
Rata, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Ratinha, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Ravasquinha, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Refoída, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1412: "do Rrefoyida"; "da Reffogijda"/
Refojos, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1423: "de Reffoyos"/
Regateira do Norte, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Regateira do Sul, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Remelada, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/(ou "Nogueira Nova")
Remelha de Fora, concelho de Ílhavo /X/Gs/(ou "… do Mar")/
Remelha Grande do Norte, concelho de Ílhavo /X/Gs/
Remelha Grande do Sul, concelho de Ílhavo /X/Gs/
Remelha do Mar, concelho de Ílhavo /X/Gs/(ou "… de Fora")/
Remoinho, /Q, 1626/ (ou "Trancho"); no século XVII pertencia à capela de S. Vicente, da Igreja de S. Miguel (Resende, 1947: 319)
Rendalha, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Reviralha, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/
Ribeiro, do, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1412, 1423: do Rjbeyro, do Rebeiro/
Rio Novo, do, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gf/(ou "Parrachil", ou "da Boca do Rio")
Robala, freguesia da Glória (Aveiro) /S, séc. XVII, 1749: "Roballa"/X/Gm/("ou "Robala Grande")/
Robala Grande, freguesia da Glória (Aveiro) /S, séc. XVII, 1749: "Roballa"/X/Gm/("ou "Robala")/
Robalinha, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Romanos Grande, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Romanos Pequena, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Rosa Branca, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Rossio, do, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /G, 1417: "do Resio"/
Ruivinha, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/

Sá, de, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /G, 1168: "de sáá"/
Saltoa do Nascente, Concelho de Ílhavo /S/X/Gs/
Saltoa do Poente, Concelho de Ílhavo /S/X/Gs/
Sanguinheira, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/ (ou "Corte de Baixo do Sul")
Santiaga (de S. Roque), freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/
Santiaga da Fonte, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/
Santiaga do Sul, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/
Santíssimo Sacramento de São Miguel (Confraria do), freguesia da Glória (Aveiro) /Q, 1746/Gm/
São João, freguesia de Aradas (Aveiro) /X/Gs/(ou "Fome Negra")
São Roque, /S/
São Vicente, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Sapata, concelho de Ílhavo /X/Gs/(ou "Cassana")/
Saraiva, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/
Sarradinho, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/(ou "Serradinho")/
Sede, A, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gf/(ou "Nova do Monte Farinha do Sul")
Seibeira, freguesia da Glória (Aveiro) /G, 1280, 1417/H/Q, 1732/S/X/Gs/(ou "Seiveira…")/
Seibeira do Canto, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Seiveira…")/
Seibeira Grande, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Seiveira…")/
Seibeira do Meio, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/ (ou "Seiveira…"); (ou "…Pequena")/
Seibeira Pequena, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/ (ou "Seiveira…"); (ou "…do Meio")/
Seiveira, freguesia da Glória (Aveiro) /G, 1280, 1417/H/Q, 1732/S/X/Gs/(ou "Seibeira…")/
Seiveira do Canto, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Seibeira…")/
Seiveira Grande, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Seibeira…")/
Seiveira do Meio, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/ (ou "Seibeira…"); (ou "…Pequena")/
Seiveira Pequena, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/ (ou "Seibeira…"); (ou "…do Meio")/
Senhora das Dores, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Senhora das Febres, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Senhora de Sá, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Senitra, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/
Serradinho, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/(ou "Sarradinho")/
Sinagoga, /H/
Singela, concelho de Ílhavo /X/Gs/(ou "Carangueja dos 44")
Soioz, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1423/ ("de ssojoz")/
Suja Grande, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Suja Moira, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/ (ou "Suja Nova")/
Suja Nova, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/ (ou "Suja Moira")/
Suja Pequena, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm

sábado, 21 de abril de 2007

ALMALAGUÊS e ANAGUÉIS: uma achega ao Ciberdúvidas

Antes de mais, uma rectificação de carácter administrativo: Almalaguês é uma freguesia do concelho de Coimbra; Anaguéis é um lugar da freguesia de Almalaguês. Não pertencem, como afirma a consulente, à freguesia de Castelo Viegas.

No Livro Preto da Sé de Coimbra já nos aparece o topónimo Almalaguês, num documento de 1156 (LP-2: 149) e num outro com datação algures entre 1177 e 1182 (LP-2: 100), sob a grafia "Almalagues", certamente com a última sílaba já fechada. A origem do topónimo estará no antropónimo árabe que, também ele, podemos descobrir no mesmo cartulário, num documento de 1088 (LP-1: 35) onde, entre as propriedades doadas pelo conde Sisnando ao bispo Paterno de Coimbra, se refere uma vinha "de Zoleimen Almalaki". O referido antropónimo deverá ter origem no nisba (elemento que indicava a tribo) malīḥī, do adjectivo maliḥ "formoso, bom", com presença na onomástica hispano-árabe, o qual, considerando a acentuação oxítona do topónimo, nos parece preferível a mālik "possuidor", particípio bastante usado na antiga onomástica árabe (Teres, 1992: 26).

Quanto a Anaguéis deverá ter origem no étimo árabe nahya, com o artigo árabe assimilado à nasal /n/: an- + nahya "águas estancadas", "terreno ou campo alagadiço", o que parece corresponder às condições do local, com formação claramente moçárabe, em que não falta o sufixo -el. A hipótese de José Pedro Machado, citada por José Mário Costa no Ciberdúvidas, não tem qualquer lógica a nível da formação toponímica. Onde é que se viu um "tabuleiro em que se deitam as miudezas dos porcos que se matam" dar o nome a uma povoação? Elementar!

bibliografía:
CELDRÁN, Pancracio (2002) —
Diccionario de topónimos españoles y sus gentilicios. Madrid: Espasa. XVIII, 1059 p. ISBN 84-670-0146-1
LIVRO PRETO da Sé de Coimbra
. (1977-1979) Ed. de COSTA, Avelino de Jesus da; VENTURA, Leontina; VELOSO, M. Teresa. Coimbra: Arquivo da Universidade de Coimbra. 3 vol. Citados como LP-1, LP-2 e LP-3.
TERÉS, Elias (1990-1992) — Antroponimia hispanoárabe (Reflejada por las fuentes latino-romances). Ed. Jorge Aguadé, Carmen Barceló y Federico Corriente.
Anaquel de estudios árabes. Madrid: Universidad Complutense. Nº 1 (1990), p. 129-186; nº 2 (1991), p. 13-34; nº 3 (1992), p. 11-35. ISSN 1130-3964

sexta-feira, 20 de abril de 2007

AVEIRO: Reportório toponímico das marinhas de fazer sal (8)

Marinha de sal, em Aveiro (colecção Câmara Municipal de Aveiro)
in Diamantino Dias, Glossário: Designações relacionadas com as marinhas de sal da Ria de Aveiro. Aveiro: Câmara Municipal, 1996. p. 5

Letras P-Q (Ver legenda aqui)

Marinha … … … (na ordenação alfabética não se consideraram as preposições e artigos de ligação)

Pacheca, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/ Q, 1637: "Bernarda Pachequa"
Pajota, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Peixota", ou "Peijota")/
Palha do Norte, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Palha do Sul,
freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Palheiro do Mar, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/(ou "do Poente")/
Palheiro do Nascente, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/(ou "do Quinhão Grande")/
Palheiro do Poente, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/(ou "do Mar")/
Palheiro do Quinhão Grande, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/(ou "do Nascente")/
Palhoa, concelho de Ílhavo /X/Gs/(ou "Bolho")/
Paragel, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/( ou "Parazel")/
Paraíso do Cabeço, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/
Paraíso do Extremo, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Couceira")/
Paraíso do Fundo, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/
Paraíso do Meio, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/
Paraíso do Quinhão Alto, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Freira")/
Paraíso Seco, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/
Paraíso Velho, freguesia da Glória (Aveiro) /S/X/Gs/(ou "Inferno")/
Parazel, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/(ou "Paragel")/
Parda, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Pardilhoa, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Parrachil, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gf/(ou "da Boca do Rio", ou "do Rio Novo")
Pasmada, concelho de Ílhavo /X/Gs/
Passã, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/ (ou "Passã, Quinhão Grande da")/
Passã, Quinhão Pequeno da, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Passagem, freguesia da Glória (Aveiro) /Q, 1746: "na dita marinha chamada a Passagem com todas suas pertenssas e hejra de pedra, que consta de dezasseis mejos de fazer sal"/X/Gm/(ou "da Eira de Pedra")/
Pedras, das, /Q, 1592/(ou Marinha da Passagem)/
Pedrinhas do Ribeiro, de, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1412: de pedrijnhas do Rjbeyro/
Peijota, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/ (ou "Peixota", ou "Pajota")
Peixinhos, Os, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Peixota, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/ (ou "Peijota", ou "Pajota")
Perfeita, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Piedade, concelho de Ílhavo /X/Gs/
Pimenta, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1412: "da pijmenta"/
Pinheira Grande, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/ (ou da Espinheira)
Pinheira Pequena, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/(ou da Espinheira)
Pinhosa, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/(ou "Tinhosa")
Pinta, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /S/X/Gn/
Pioneira, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/(ou "Nova de Sama, Quinhão Grande da")
Podre, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Ponte de Léce, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/(ou "…de Lés")/
Ponte de Lés, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/(ou "…de Léce")/
Pontinha, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Póvoa, da, freguesia de Cacia (Aveiro) /A/C/
Pragal, do, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1412/
Praieira, da, /H: "praheira"/
Prancha,
freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/(antiga "Pranchina"). O nome desta marinha tem a ver com a sua localização, junto de um esteiro dotado de uma prancha de passagem; esta prancha gira em torno de uma estaca espetada no meio do esteiro, permitindo a passagem de marnotos e moços de uma margem para a outra, ou, rodando-a no sentido longitudinal do esteiro, possibilitando o fluxo do tráfego das embarcações.
Pranchina, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /Q, 1592/Gr/(antes da data indicada chamou-se "Ruiva"; actual "Prancha")/
Primavera, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/
PuxadoIros, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /G, 1417/X/Gn/

Quarenta e Quatro da Carangueja, Os, concelho de Ílhavo /X/Gs/ (ver "Carangueja dos 44")/
Quinhão do Canto de Sama, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Quinhão Grande da Nova de Sama, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/(ou "Pioneira")/
Quinhão do Mar da Nova de Sama, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Quinhão do Meio da Nova de Sama, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Quinhão Pequeno da Passã, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/

quinta-feira, 19 de abril de 2007

ESTANGANHOLA: achega a uma "apostila ao Ciberdúvidas"

Instituto Geográfico do Exército, Mapa de Estradas de Portugal Continental 1:250 000, 4ª ed., 2005/2006, p. 39

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Estanganhola é um lugar meeiro das freguesias de S. Sebastião e de Rio Maior, do concelho de Rio Maior, atravessado pelo rio Penegral, que estabelece, localmente, a fronteira entre estas duas freguesias.
O consulente do Ciberdúvidas parece não conhecer a povoação, identificada por Helder Guégués, para cujo topónimo procura uma interpretação, pelo que deve ter tentado reproduzir a fala conforme lhe foi transmitida. Possivelmente, "Estangnhola" (ou "Estanguenhola") corresponderá à pronúncia local, o que seria compreensível, caso a origem deste topónimo fosse a que passamos a alvitrar.
Identificando reservatórios de água, represas ou açudes de variada dimensão, espalham-se por todo o país topónimos como "Tanque" e, principalmente a sul do Tejo, "Estanco" e "Estanque" e seus derivados, cuja lista, retirada da Carta Militar 1:25 000, pode ser consultada mais abaixo.
Estanganhola, a grafia inscrita na folha 339 da referida carta, mas que, à semelhança de outros topónimos cartografados na mesma folha, não passou por lapso ao Reportório Toponímico de Portugal, parece-nos corresponder a um derivado de estanco com dupla sufixação. Teríamos então o português antigo estanco "lago, tanque" + -inho + -ola > *Estanquinhola > *Estanquenhola (por emudecimento da vogal átona -i- em contacto com a consoante surda) > *Estanguenhola (por sonorização -q- > -g-) > Estanganhola (por assimilação progressiva).
Quanto ao "estanco" está hoje lembrado no topónimo Travessa da Azenha, em Estanganhola, a lembrar o tempo em que ali funcionava um moinho de água, certamente com um açude para armazenamento das águas desviadas do rio Penegral.

Léxico relacionado:

português

estanc- "antepositivo, de origem incerta, provavelmente pré-romana, possivelmente do indo-europeu *tankō 'fixar' (através de um latim vulgar *extancare)" (Houaiss)
estagn(i)- "antepositivo, do latim stagnum, i 'pântano'; ocorre já em vocábulos formados no próprio latim, já em cultismos do século XIX em diante" (Houaiss)
estanco 1"lago, tanque" (português antigo) (Houaiss)
estanco 2 "monopólio comercial concedido pelo Estado a uma companhia ou a uma pessoa; estabelecimento onde se vendem tabaco, cigarros e miudezas" (Houaiss)
tanque "depósito natural de águas nascentes, fluviais ou pluviais; açude, cisterna, poço" (Houaiss)
estanqueiro "indivíduo que tinha o monopólio de venda e de compra sobre determinadas mercadorias, como por exemplo o tabaco"

galego
estanque "depósito que se forma num curso de água" (Paseaban en bote polo estanque. Desde o estanque vai a auga para os muíños); "depósito construído para recolher água" (DRAG)
tanque "depósito para conter ou guardar água ou qualquer outro líquido" (DRAG)

catalão
estancar "deter o curso de uma coisa, especialmente de um líquido" (Quan les aigües s'estanquen formen llacs, bassiols, estanys, etc.) [século XII; do latim vulgar *extancare, derivado de *tancare, de origem seguramente pré-romana, *tanko 'sujeitar, fixar'] (GDLC)

espanhol
estanco
, estanca "estanque de água" (espanhol antigo) (DRAE) estancar "deter e parar o curso e corrente de um líquido" (do latim vulgar *extancāre, e este do celta *ektankō, 'fixar, sujeitar') (DRAE)
estanque (de estancar) "açude construído para recolher água, com fins utilitários, como alimentar a rega, criar peixes, etc." (DRAE)
tancar "deter a saída de um líquido, especialmente o sangue de uma ferida" (falares rurais de El Salvador e Honduras) (do latim vulgar *tancāre, 'fixar, sujeitar', e do celta *tankō) (DRAE)

provençal
estanc, estaynch, estanh, stanc "acumulação de água parada"

francês
étang "extensão de água, geralmente parada, com pouca profundidade, situada numa depressão natural ou construída pelo homem" (primeira metade do século XII estanc "extensão de água cujas bordas impedem o derramamento") (DAF)
étang "acumulação de água parada, pela configuração do terreno ou por comportas" (Littré).



topónimos:

Portugal:
ALTO DO ESTANQUEIRO (poderá referir-se a proprietário de estanco, na segunda acepção), BARRANCO DO TANQUE DOS CAVALOS, BARRANCO DOS TANQUES, BARRANCO DO VALE DO TANQUE, CABEÇO DO TANQUE, CASAL DE TANQUINHOS, CERRO DO ESTANQUE, CHÃO DO TANQUE, CORGO DO ESTANQUEIRO (poderá referir-se a proprietário de estanco, na segunda acepção), ESTANCO VELHO, ESTANGANHOLA, ESTANHEIRA OU BOA FÉ (zona de ribeiras e poços), ESTANQUE, ESTANQUE DE BAIXO, ESTANQUE DE CIMA, ESTANQUE NOVO, ESTANQUE VELHO, ESTANQUEIRA, ESTANQUEIRA DE CIMA, ESTANQUEIRA NOVA, ESTANQUEIRO, ESTANQUEIROS, ESTANQUES, ESTANQUINHO, FONTE DO TANQUE DAS CASAS, FRAGA DO TANQUE, HORTA DOS TANQUES, MONTE DO ESTANCO VELHO, MONTE DO ESTANQUE, MONTE DO ESTANQUEIRO, MONTE NOVO DO ESTANQUE, MONTE DO ESTANQUINHO, MONTE DO TANQUE, MONTE DO TANQUE DA RENDA, MONTE DOS TANQUES, MONTINHO DO TANQUE, POÇA DO TANQUE, POÇO DOS TANQUES, PORTELA DO TANQUE, QUINTA DO TANQUE, QUINTA DA TAPADA DO TANQUE, RIBEIRA DOS ESTANQUES, RIBEIRA DE TANCOS, TANCOS, TANQUE, TANQUE DO CABRIL, TANQUE DOS CAVALOS, TANQUE DA COVA, TANQUE DA DEGALHADA, TANQUE DO ESTACAL, TANQUE DA LAMEIRINHA, TANQUE DA PALMEIRA, TANQUE DO POVO, TANQUE DA SERRA, TANQUE DA MEIA LÉGUA, TANQUE DE MONTE VERDE, TANQUE VELHO, TANQUINHA, TANQUINHO, TANQUINHOS, TAPADA DO TANQUE, VALE DO ESTANHO (zona de arrozais e açudes), VALE DO TANQUE, VALE DOS TANQUES.

Galiza:
O Estanco [concelhos de Abegondo, Curtis (Corunha) e Poio (Pontevedra)], O ESTANQUE [concelhos de Cambre (Corunha) e Friol (Lugo)].

quarta-feira, 18 de abril de 2007

AVEIRO: Reportório toponímico das marinhas de fazer sal (7)

Letras M-O (Ver legenda aqui)

Marinha … … … (na ordenação alfabética não se consideraram as preposições e artigos de ligação)

Machada, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Barbosa")/
Malhada de Ílhavo, concelho de Ílhavo /X/Gs/(ou "Laje da Malhada", ou "Laje da Malhada de Ílhavo)/
Marcela, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/
Marta, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1423: "de marta"/
Marvila, /G, 1168: "de marvila"/
Mata Galegos, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1412: "mata galegos"/
Mela, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/(ou da Meloa)/
Meloa, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/(ou da Mela)/
Misericórdia, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "37 das Seibeiras, Os")/
Misericórdia (de S. Roque), freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /L/X/Gr/
Moeirinha, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Mofacosa, freguesia de Esgueira (Aveiro) /T, 1412: "da moffacossa"/
Moiroa, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/(ou "Mouroa")/
Moleira, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/
Moliça Grande, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Moliça Pequena, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Morraçosa, freguesia de Esgueira (Aveiro) /G, 1280/T, 1412/
Mouroa Grande do Norte, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Mourona…")/
Mouroa Grande do Sul, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Mourona…")/
Mouroa Pequena, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Mourona…")/
Mourona Grande do Norte, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Mouroa…")/
Mourona Grande do Sul, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Mouroa…")/
Mourona Pequena, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Mouroa…")/

Nogueira do Mar, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/(ou"…do Sudoeste")/
Nogueira do Nordeste, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Nogueira Nova, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/(ou"Remelada")/
Nogueira Pequena, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Nogueira do Sudoeste, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/(ou "…do Mar")/
Nortada, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Nova, freguesia de Esgueira (Aveiro) /G, 1431/T, 1412/
Nova do Camelo, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn
Nova do Monte Farinha do Norte, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gf/
Nova do Monte Farinha do Sul, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gf/ (ou "A Sede")/
Nova de Sama, Quinhão Grande da, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/(ou "Pioneira")/
Nova de Sama, Quinhão do Mar da, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Nova de Sama, Quinhão do Meio da, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Novas, concelho de Ílhavo /S/T/
Novazinha (das Brazalaias), freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Novazinha (do Esteiro da Redúsia), freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Novazinha das Canas, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/(ou "…de Sama")/
Novazinha de Sama, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/(ou "…das Canas")/
Nove Meios de Sama, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/

Oliveira, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/(ou "Oliveirinha")/
Oliveirinha, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/(ou "Oliveira")/

terça-feira, 17 de abril de 2007

AVEIRO no século XVIII



Aveiro teve muralhas durante cerca de 4 séculos (início do século XV – início do séc. XIX)

Especialidade dos políticos aveirenses: demolições


0
1. Igreja Matriz de S. Miguel (demolida)
02. Igreja do Espírito Santo (demolida)
03. Convento de S. Francisco (actual PJ)
04. Convento de S. Domingos (demolido)
05. Torre da Porta de Rabães (demolida)
06. Igreja da Misericórdia
07. Aqueduto abastecimento água (demolido)
08. Igreja da Vera Cruz (demolida)
09. Capela de S. Paulo (demolida)
10. Muralha de Aveiro (demolida)
11. Ponte da Ribeira (substituída)

segunda-feira, 16 de abril de 2007

AVEIRO: Reportório toponímico das marinhas de fazer sal (6)

Letras G-L (Ver legenda aqui)

Marinha … … … (na ordenação alfabética não se consideraram as preposições e artigos de ligação)

Gaga, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Gaivota, freguesia de Esgueira (Aveiro) /G, 1280: "de gaviotos"/T, 1423: "dos gavotos"/X/Gr/
Galega, concelho de Ílhavo /T, 1423: "da gallega"/X/Gs/
Garceira Grande do Nascente, concelho de Ílhavo /X/Gs/
Garceira Grande do Poente, concelho de Ílhavo /X/Gs/
Garceira Pequena, concelho de Ílhavo /X/Gs/
Garras, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /C/X/Gf/
Goldra, freguesia de Aradas (Aveiro) /G, 1431/
Grã Caravela, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/
Gramatinha, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Gramato, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /C/S/X/Gn/
Gramaxina Nova do Mar, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/
Gramaxina Nova do Nordeste, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/
Gramaxina Velha, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/
Grande, /G, 1168, 1280/S, séc. XVII/
Gravita, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/

Inferno, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gs/(ou "Paraíso Velho")/
Intorta Grande, freguesia da Glória (Aveiro) /S/X/Gm/ (ou "Entortas…")/
Intorta Pequena, freguesia da Glória (Aveiro) /S/X/Gm/ (ou "Entortas…")/

Jardim de Neptuno, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gn/(ou "Cravo Nocturno")/
Jóia, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Jorgeana, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Judenga, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/
Judia (do Monte Farinha), freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gf/
Judia e Patronilha, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/
Junqueira, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /G, 1280: "iunqueiro"/X/Gr/

Laçarota, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/ (ou "Lançarote")
Laje da Malhada, concelho de Ílhavo /X/Gs/ (ou "Laje da Malhada de Ílhavo", ou "Malhada de Ílhavo")/
Laje da Malhada de Ílhavo, concelho de Ílhavo /X/Gs/ (ou "Laje da Malhada", ou "Malhada de Ílhavo)/
Lançarote, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/(ou "Laçarota")/
Lavandeira, freguesia de Aradas (Aveiro) /G, 1431/
Leiteireira, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/
Leitoas, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /C/X/Gf/
Leivas, freguesia de Esgueira (Aveiro) /X/Gr/
Leoa, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Leonarda, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gn/
Loureira, freguesia da Vera Cruz (Aveiro) /X/Gr/
Luanda, freguesia da Glória (Aveiro) /X/Gm/

domingo, 15 de abril de 2007

ARADAS, um concelho rural na Idade Média (actual freguesia do concelho de Aveiro)

Meio século depois de ter recebido a doação da vila de Aradas, feita em 1131 pelo cavaleiro João Mides, o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra propõe-se valorizar as propriedades que ali possuía, regulando, por carta de foro, as suas relações económicas com os respectivos habitantes. Para a época eram obrigações bastante favoráveis, o que indicia muita terra abandonada e a necessidade de oferecer condições passíveis de chamar gente que promovesse o seu arroteamento. Pelo menos em relação ao vinho parece ter havido uma boa resposta dos camponeses locais, "castigados" por isso, sete anos depois, com o agravamento do respectivo foro, aumentado da oitava para a sétima parte.
Os dois documentos aqui transcritos e traduzidos mostram como Aradas se transformou num concelho rural, uma pequena comunidade vicinal em que os respectivos vizinhos quase não tinham qualquer tipo de autonomia. Estes concelhos, a que Alexandre Herculano chamou "imperfeitos", tinham órgãos bastante rudimentares e estavam sujeitos a um peso muito evidente da autoridade senhorial. O próprio foral limita-se a regular os aspectos económicos das relações entre foreiros e senhor, ignorando totalmente a vida social e o enquadramento jurídico da actuação comunitária.

documentos:

1181, Agosto.
Carta de foral outorgado a Arada pelo prior do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
arquivo particular da casa rocha madahil, de Ílhavo. Certidão de 1811.

Notum sit tam praesentibus quam futuris quod ego Donus Ioanes Sanctae Crucis Prior cum fratribus meis facio cartam fori hominibus nostris de Erada et de terminis suis et do illis tale forum ut quicumque de novo ruperit terram nostram et laboraverit in ea panem vel plantaverit vineas det inde nobis octavam partem videlicet tam de pane quam de vino et det nobis octa­vam partem de lino e de coepis et de alis et de omnibus leguminibus si ea ibi habuerit. Similiter det nobis de venda de habere octavam partem et factum suum remaneat semper com isto foro scilicet cum octava parte.
Facta fuit carta fori et firmitudinis Mense Augusti era milésima ducentesima decima nona.

Qui praesentes fuerunt Dominicus Diaconus notavit Pelagius Ioanes Praesens Sanctae crucis canonicus Donni Pascasius testis Petrus Fusori Mr. de Aveiro Scribanus Regius testis. Pl. Roleiro Conversus Sanctae Crucis Frater Fernandus Portarius Sanctae Crucis testis Menendus Ioanes clericus de Loures Magister Prior de Erada Pax et veritas in diebus nostris. Amen
(Madaíl, 1959: 33-34).


1188, Abril
Carta de emprazamento das vinhas de Arada, feito pelo prior de Santa Cruz de Coimbra aos seus foreiros daquele lugar.
arquivo particular da casa rocha madahil, de Ílhavo. Certidão de 1811.

Sub Christi Nomine et ejus Misericórdia.
Notum sit omnibus ho
minibus tam praesentibus quam futuris quod ego Petrus Sanctae Crucis Prior cum consensu Canonicorum meorum facio cartam de foro nostris hominibus de Erada ut faciant et plantent ibi vineas et quando ipsae vineae vinum dederint de ipsis vineis nobis per singulos annos Septimam partem de vino persolvant et si forte aliquis inde videlicet de ipsa villa nostra exire voluerit vendat quodcumque fecerit nostro homini vel homini qui voluerit habitare in ipsa nostra haereditate qui forum compleat et dent nobis Septimam partem de vino Si autem sine nostro mandato aliquis inde exierit perdat quodcumque ibi habuerit; hoc autem forum eisdem habitatoribus ideo facimus ut ipsi Semper sint nobis fideles et obedientes et dent nobis partem Septimam de vino bene et in pace.
Facta itaque carta de foro Mense Aprilis era milesima ducentesima vigesima sexta.

Ego Petrus Sanctae [Crucis] Prior confirmo. Joanes Presbiter testis. Ioanes Fraile Praepositus vidit, fiat pax et veritas in diebus nostris
(Madaíl, 1959: 39)


Traduções (por M. Carvalho):

1181, Agosto.
Carta de foral outorgado a Arada pelo prior do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.

Seja reconhecido, tanto pelos presentes como pelos vindouros, que eu, D. João, prior de Santa Cruz, com os meus irmãos [cónegos regrantes], outorgo carta de foro aos nossos homens de Aradas e do seu termo, e dou-lhes este foro de modo que todo aquele que tenha arroteado a nossa terra, e nela cultivado pão [cereais] ou plantado vinhas, nos dê dessas coisas a oitava parte, seja tanto de pão como de vinho, e nos dê a oitava parte do linho e de cebolas e de alhos e de todos os legumes se aí os houver. Do mesmo modo dêem-nos, pela venda de bens (1), a oitava parte, e quem ficar no seu lugar permaneça com este foro, isto é, com a oitava parte.
[Esta] carta de foro e autoridade foi feita no mês de Agosto do ano da era [de César] de 1219
(2).
Estiveram presentes: diácono Domingos, [que a] escreveu; cónego Paio Eanes de Santa Cruz; D. Pascásio, testemunha; mestre Pedro Fusori, escrivão do rei em Aveiro, testemunha; Paio Roleiro, converso de Santa Cruz; irmão Fernando, porteiro de Santa Cruz, testemunha; Mendo Eanes, clérigo de Loures, mestre prior de Arada. Paz e verdade em nossos dias. Amém.


1188, Abril
Carta de emprazamento das vinhas de Arada, feito pelo prior de Santa Cruz de Coimbra aos seus foreiros daquele lugar.

Em presença do nome de Cristo e da sua misericórdia.
Seja reconhecido por todos os homens, tanto presentes como vindouros, que eu, Pedro, prior de Santa Cruz, com o acordo dos meus cónegos, outorgo carta de foro aos nossos homens de Arada, para que ponham e plantem aí vinhas e, quando essas vinhas produzirem vinho, paguem-nos, em cada ano, a sétima parte do vinho. E se por acaso alguém quiser sair desse lugar, isto é, dessa mesma nossa vila, venda a qualquer pessoa da escolha do nosso homem ou ao homem que quiser habitar nessa mesma nossa herdade [e] que cumpra o foro, e dêem-nos a sétima parte do vinho. Porém, se alguém sair desse lugar, sem o nosso consentimento, perca qualquer coisa que aí tiver. E por esta razão fazemos este foro a estes moradores para que os mesmos nos sejam sempre fiéis e obedientes e nos dêem, de boa vontade e em paz, a sétima parte do vinho.
E assim [foi] feita [esta] carta de foro, no mês de Abril da era [de César] de 1226 (3).
Eu, Pedro, prior de Santa [Cruz], confirmo; presbítero João, testemunha; prepósito João Fraile conferiu. Feita. Paz e verdade em nossos dias.

notas:
(1)
Trata-se do "laudémio", pensão que se pagava ao senhorio directo de qualquer prédio aforado, quando o foreiro alienava, a título oneroso, a totalidade ou parte da propriedade emprazada.
(2)
Ano de 1181 da nossa era — a era de Cristo —, que tem uma diferença de 38 anos em relação à era de César.
(3)
Ano de 1188 da nossa era (ver nota anterior)

bibliografia:
MADAÍL, António Gomes da Rocha, ed. e org. (1959) — Mile­nário de Aveiro: Colectânea de Documentos Históricos. Vol. 1 – 959-1516. Aveiro: Câmara Municipal de Aveiro.

sábado, 14 de abril de 2007

Aveiro, um concelho do século XIII

para ampliar clique na imagem
Não sabemos quando Aveiro conquistou a alforria da dignidade conce­lhia, sendo certo que já a possuía antes de 1245, e que talvez a força das suas gentes, que sobreleva da carta abaixo traduzida, tenha dispensado a legitimação da carta de foral, conclusão a que nos leva o foral manuelino de 1515, quando afirma que «... não se puderam achar nem haver nela [Aveiro] títulos antigos nem forais por onde os direitos reais foram aí postos» (ver Madaíl, 1959: 287).
O documento mais antigo, em que se atribui a categoria de concelho a Aveiro, pertence ao acervo da Torre do Tombo, correspondendo a uma carta de dois dos senhores da vila (ver gravura), os irmãos Aldara Peres e Abril Peres, dirigida aos juízes e concelho de Aveiro, comunicando que doaram a sua parte na igreja de S. Miguel ao Mosteiro de Tarouca (A.N.T.T., Gav. 1, maço 4, nº 21). Exa­rada no verso do pergaminho, em letra do século XIX, talvez da mão de Alexan­dre Herculano, que cita o documento na sua História de Portugal, encontra-se a data de 1238. Mesmo que a data não esteja correcta, esta carta nunca poderá ser poste­rior a Agosto/Setembro de 1245, data da chamada Lide do Porto-Gaia em que D. Abril Peres perdeu a vida. A Torre do Tombo possui ainda outras duas cópias desta carta, que podem ser consultadas nas cotas A.N.T.T. Beira, Livro 2, fl. 295v e A.N.T.T. Ch. de D. Dinis, Livro 5, fl. 74, esta última uma pública forma datada de 1306 e transcrita por Rocha Madaíl (1959: 105-106).

Teor da carta:
«Domna Aldara petri et donus Aprilís petri Judicibus et Concilio de Aaueyro salutem et mandatum nostrum facere. Sapíatís quod nos dedímus et concedímus Abbatj et ffratribus sancti Johannis de Tarouca quicquid habemus uel habere debemus ín Ecclesia sanctj Michael de Aaueyro pró amore dej et saluatione anímarum nostrarum et parentum nostrorum. et mandamus uobis firmiter et etiam rogamus quod intregetis ffratríbus sancti Johannis predictam Ecclesiam et ipsi uobiscum comendabunt eam Alicuj Cleríco. quj benefacíat in ea secundum deum et secundum bonam consuetudínem terre. Si uos non uolueritis facere quod nos mandamus et rogamus magnam Rancuram habebímus de uobis quía uidebitur quod uultís nos exheredare de Ecclesia nostra. et nos non sustinebímus. quía si alíquis Clericus receperit eam de manu uestra. síne consensu predíctorum ffratrum sanctj Johannis expellemus eum ab Ecclesia et de tota Villa. et quicquid eíus inuenerimus ín tota Villa, capíemus et uobis si ausi fueritís talia facere, ínferemus uobis magna grauamina. et non sustinebímus quod factum uestrum aliquomodo stet uel ualeat unquam. Et mandamus istj hominj nostro. S. nomine. latorí presentíum. quod statím recipíat Ecclesiam et Claues Ecclesie et integret eas ffratribus sanctj Johannis. et ipsi dent cuj uoluerint. et si aliquis eos impedierít de nostris hominibus uel grauamen aliquod fratribus fecerit, sít pró inimíco nostro et incoctamus ei totam villam nostram ut pectet nobis. Centum. morabitinos. si ibi inuentus fuerit de cetero

Tradução (por M. Carvalho):
«Dona Aldara Peres e D. Abril Peres, aos juízes e ao concelho de Aveiro, saúde e que cumpram as nossas instruções. Sabei que nós demos e concedemos ao abade e frades de S. João de Tarouca tudo o que temos ou devemos ter na igreja de S. Miguel de Aveiro, por amor de Deus e salvação das nossas almas e de nossos pais. E ordenamo-vos firmemente, e também pedimos, que entregueis a dita igreja aos frades de S. João, e convosco eles próprios a confiarão a um clérigo que nela faça bom serviço, segundo Deus e segundo o bom costume da terra. Se vós não quiserdes fazer o que nós mandamos, teremos grande rancor de vós, porque parecerá que quereis deserdar-nos da nossa igreja, o que não permitiremos, porque se algum clérigo [a] receber da vossa mão, sem autorização dos referidos frades de S. João, expulsá-lo-emos da igreja e da vila inteira, e tomaremos tudo o que dele encontrarmos. E a vós, se ousardes fazer tais coisas, infligir-vos-emos grandes opressões e não permitiremos, de qualquer forma, que a vossa acção se mantenha ou tenha força em qualquer momento. E ordenamos a esse nosso homem, isto é, ao procurador, que, em nome dos presentes, receba imediatamente a igreja e as [respectivas] chaves, e as entregue aos frades de S. João, que as entregarão a quem quiserem. E se algum dos nossos homens os impedir ou exercer alguma opressão contra os frades, que seja [considerado] nosso inimigo e atormentá-lo-emos por toda a nossa vila, se ele aí for encontrado, para que nos pague cem morabitinos.»

bibliografia:
MADAÍL, António Gomes da Rocha, ed. e org. (1959) — Mile­nário de Aveiro: Colectânea de Documentos Históricos. Vol. 1 – 959-1516. Aveiro: Câmara Municipal de Aveiro.